Sunday 13 February 2011

não moro

Namoro. Não. Não namoro. O tempo esticado que nem uma corda preso ao grande ben e a mim. Um tempo largo e cadente, as tranças perpétuas das fibras em tensão. Do outro lado, eu a lançar a corda, convicta do meu nó cego para que tu o apanhasses. Deste lado tu a prenderes a casa e a vida. Pé ante pé, o meu corpo equilibrado na linha, os meus braços abertos para ti. O olhar para a frente, as omoplatas tensas para trás e nunca o contrário. Fechar-te nos braços e olhar por dentro para os teus olhos. E aprender a não deixar a porta no trinco. E a semicerrar os olhos do sol. Depois chega hoje, e a semana passada e o mês passado e sou eu outra vez a bater contra as minhas paredes no lugar onde moro. Gostava mesmo de não me estar sempre a perder no que sou. Quando chega hoje é como não houvesse razão para o amanhã e eu devo estar doente. Disseste estás muito doente. E os meus pulmões em liberdade condicional a contrariar, como o resto. Mas ainda assim precisava de me virar do avesso e ir para a máquina. E rezar para que as nódoas negras saiam. E que não venha chuva amanhã. Que é dia dos namorados e apesar de tudo eu espero uma flor.