Monday 22 October 2007

brit com 04

A Sherley anda a fazer as mudanças das coisas do John, namorado escocês que eu pensei vir a ser o meu real companheiro de piso, mas que ainda não puz vista em cima desde o dia que fiu ver o quarto. Todos os dias faz duas máquinas de roupa dele para ir pondo em malas. Ontem fiz a minha segunda máquina de roupa e eis senão quando me dou conta que as pastilhas de ariel já iam a meio.
Por vingança, ao jantar acabámos-lhe com a garrafa de rosé, fresquinha no frigorifico.

Não por vingança, só por pura tristeza ou masoquismo descemos ao bar para outro copo de vinho. Não há carrascão pior que aquele tinto. Agua pé mais intragável que aquele tinto. Fui apanhada a esvaziar o copo para a base das cervejas em flagrante. A base metalica, antes brilhante de limpa, inundade de vinho mau e roxo. A marta a rir-se às escondidas e eu a evocar que era demasiado seco para mim, que só queria um bocadinho de soda para suavizar a coisa. Ela encher-me novamente o copo, uma festa de 20 anos e miudas menores ou iguais aos rapazes de vinte, vestidas de noite e de saltos altos. Eu que por pouco descia de pijama. Ainda bem que há amigos que não nos deixam sair de casa como nos apetece.

brit com 03

Quando chego a casa passo a dizer ola aos locais, normalmente já bastante tocados pela cerveja, que me tratam pelo nome e me oferessem uma bebida que eu recuso. Estou, normalmente, cheia de chocolate quente até aos ossos para aguentar a jornada a-ficar-cada-vez-mais-gelada trabalho-casa.
A semana passada, quando ia a caminho da cozinha para o meu chocolate quente, passei por uns sapatos estranhos na sala e cruzei-me com um deles no corredor. Disse bom dia. Não sei se estava tocado por alguma coisa ou por alguem, mas não estava bêbado.
São todos amigos muito amigos no meu bar.

brit com 02

A Sherley, minha senhoria, uma musa loira ultrapassada pela idade e emuldurada na sala com a minha idade, a perguntar-me are you alright, dear? Normalmente de noite, mais vezes bêbeda ou de copo na mão.

brit com 01

Mudei-me para um sitio bastante central. Tão central que fica na central street. Tão central que é no central bar. Subo as escadas de papelão guardadas por alguns dragões que não levam a nada, não levam não, e fecho-me no meu pequeno paraiso. No central flat, do central bar, na central street. Aos sabados de karaoke, o inferno vai ao rubro. Desisto. Não dá para ver dvds em paz, só dá para descer, entrar pelo balcão - o detalhe de entrar no inferno sem ser pela porta da frente ou pelos fundos, fosse este pequeno prazer situado no limbo entre o bem e o mal perceptivel pelo meio dos gritos estridentes e do orgão em repeat – e embebedar-me como Deus manda.